Sonolência

Durmo às cinco da madrugada.

Acordo dez horas da manhã.

A penumbra do quarto

é insignificante e a amo.

O sol força sua entrada

por frestas de portas e janelas.

Bem vindo ele não é,

talvez nunca será...

Preferia tudo escuro.

Fecho os olhos;

abro os olhos.

Viro para a direita;

viro para a esquerda.

Deito de costas;

deito de bruços.

Tenho vontade de fazer algo,

mas não ânimo para sair da cama.

Reviro-me como larva em casulo:

Impaciente, inquieto;

ansioso para me libertar.

Se fosse casulo

não viraria borboleta,

No máximo mariposa.

Mais provável sair traça.

Mais ainda morrer enclausurado.

Inspiro entediado;

espiro inebriado.

Levanto; vou ao banheiro.

Mijo; lavo a cara.

Digo “Oi...” a um esqueleto.

Volto ao quarto; redeito.

Penso na morte, na vida.

Minhas e de pessoas queridas.

Eu penso demais.

Droga! Só queria dormir

mais algumas horas!