Afogamento
A raiz, de um emaranhado de fiapos,
mais parece um homem
convertido em farrapos
num desespero de bocas e cordas
e gritos sempre não ouvidos,
ignorados, pisados.
O moribundo, por muito vagabundo,
enterra-se nas tripas da terra
em horror descomedido,
de afoiteza pelo nunca tido, oprimido.
Em suas sujas manias de sujo,
afogou-se, antes,
em sua própria sutileza
de querer existir para alguém,
por um dia,
sem se comer por dentro,
por inteiro,
e para ser engolido
pelos próprios vermes
criados no peito do homem raiz
em um átimo, apenas.