Noite Fria
A noite está tão fria, tão fria...
Eu aqui, vou amornando o meu coração com lembranças.
Me cubro com cuidado, pois qualquer vento pode passar
e levar meus pensamentos.
Isto não permito, não, e de forma contraditória,
percebo que embora eu me sinta leve, em meio a minha angústia,
me perco ainda em meio a uma multidão de pensamentos.
Mas não há caos, não há confusão,
estão todos ordenados, na palma da minha mão.
Penso, repenso, tento dormir, mas eles não me deixam.
Insistem em me fazer lembrar.
Então eu lembro, relembro, não me forço a esquecer.
Eles sentem que não resisto e, se vão.
Na calada da noite, em meio ao silêncio,
ouço a voz do meu coração, que sussurra.
Sussurra e entoa uma doce cantiga,
que me embala, que me acarinha,
que me adormece.
Finalmente, sonho.
E meus sonhos são suaves, como o toque da seda,
são mornos, como o toque da pura lã.
Passa a noite, chega o dia.
Vai-se a lua, chega o sol.
Dormem as estrelas, cantam os pássaros,
ouço até um rouxinol, que não se cansa.
Me encanta.
As coisas mais simples me fascinam,
por isso ainda vivo.
Descobrirei os segredos dos sonhos,
domarei meus pensamentos,
e serei livre, livre como poucos.
Serei como eles, já não terei medo,
não terei receios, somente esperança.
E com ela dentro de mim, me sinto forte,
forte para prosseguir e vencer.
E uma vez vencedora, terei a certeza
de que nunca mais vou perder.
O dia passa, vem de novo a noite fria.
Que bela noite!