Rio Severino

É a Vida Severina,

Cabral, que prostitui a menina.

É à Morte Severina

que nos leva a mão assassina.

Flores do Mal, Baudelaire.

Falta comida na vazia colher.

A pequena puta caída,

Drumonnd, espera ser revivida.

Mas a cor de nascer está de partida.

Talvez, Carlos, pela História não ser remexida.

Não tem plumas

o cão de João;

mas seu Rio tem precisão.

Sempre seguindo o cão ganindo.

Sempre indo,

barrancas e esperanças diluíndo.

Sempre indo . . .

Prés e Pós Modernos

exercem a vã rebeldia.

Mas do porre da noite,

só fica a ressaca do dia.

E ainda se tenta um Verso.

Cultiva-se um Jasmim;

e é assim e assim

que se espera o que há depois do fim.

Fim de tudo.

Fim do Mundo,

em cuja lápide já se escreveu:

nasceu no "Big-Bang"

e morreu numa briga de gangue.

Num "Buraco-Negro"

terá uma cova rasa.

Perdeu, Andrade, o Anjo Torto e sem Asa.

Flores náo terá Baudelaire,

nem as do Mal (me-quer).

Tampouco carpideiras

no velório pobre, sem café ou cadeiras.

Foi um aborto no Tempo.

Ruiu com o Vento.

Foi um sonho sonhado

de um deus embriagado.

Prometeu aloprado

que forjou o barro

e lhe soprou o dom da Vida.

Para alguns, foi só um cuspida.

Cova rasa de Severino Retirante.

O que seguiu Virgilio no Inferno de Dante.

Homenagem pouca ao ancho Mestre. Salve Cabral de Melo Neto.