Ângulos
É dia, bem de repente,
deslizas teu corpo
pela parede... Feito fumaça,
Vens procurar a outra mão
Através da vidraça...
Tem um sol, que brilha ao longe,
Tão forte, tão claro
Que traduz em prosa, a poesia...
Tão sutil, feito brisa...
Revela letras, de um sonho em falso.
Um dia, certamente,
Não serei tão luz, quanto dizias.
Serei semente, tão matreira,
Quanto as que brotaram, ao chão da goiabeira.
Um dia, querendo ser,
Não serei mais luz, quanto querias.
Viajarei em saltos... Bocas e braços...
Correr em piso firme, os pés descalços...
Então, num repente duo,
Farei planos, tão planos, tão retos...
Virarem cantos, tão juntos, tão ângulos...
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