Eternidade by Night

Das viagens é legítimo fixar o seu halo de sílabas: o mar fica ao fundo de um corredor onde pressinto o vento intenso que alisa o olhar vulnerável da memória. A possibilidade de ter ido mais longe, de ter sido outro – ter escutado as águas do remorso num fascínio de corpos que me assediam à fronte num clarão.

Fecho as janelas, escondo, por instantes, a alma numa gaveta de cómoda e aguardo que a respiração prossiga o seu ritmo até que o sangue das veias me fira como agulhas. Sinto o coração na linha da garganta e penso que a vida é sempre um lugar onde podemos viver errantes, colados a cada segundo efémero.

Fecho a alma para não sentir – sentir também cansa -, embalo o sono na vegetal emoção de que ao fundo do corredor da casa a grande viagem foi cumprida pela eternidade dentro.