imagem: http://derretendoossatelites.blogspot.com/2008_05_01_archive.html




DESCONSTRUÇÃO

Desconstruo-me, lentamente, esperando a primavera,
construindo  novos sonhos, em meio a uma guerra,
maquiando-me com as tintas e os desenhos de um palhaço
para esconder a tristeza e o cansaço do meu rosto
e do calabouço, sem conforto, a minha alma libertar.
 
Abro os braços para que o vento abrace meu corpo.
E num sopro mágico afaste, de mim, a minha fera.
Tenho correntes pesadas presas em minhas pernas,
um coração fechado com um grosso cadeado
e liberdade apertando o peito, pedindo para voar.
 
Mas há também um anjo louco dentro de mim,
que não quer ir embora
E ao som de sua voz, minha alma em pânico reverbera,
em calafrios e arrepios sentidos em meus poros.
Ele me fita com seus olhos brilhantes e felinos de pantera,
devorando os meus restos que ainda restaram de mim.
 
Mas eu continuo me desconstruindo, lentamente,
Andando por outros caminhos, escrevendo novas histórias, 
explodindo lembranças, esquecendo-me das horas.
A primavera não tarda, as mudas de sonhos já brotaram
Catarse minha - eu decreto o seu fim