Valsa

É o fim de um tempo de crateras e desta memória presente sob um muro de palavras, epístolas para uma insónia que não termina: a luz crua cresce pelo jardim onde se escuta o sangue dos pulsos.

Envolve o teu corpo no lençol da água – adivinhando o olhar invisível que te tocou como um relâmpago ao entardecer: ao entardecer suspendo a respiração, sufoco o ar na planície de todos os lábios.

Em nós a noite cresce envolta pela serenidade dos gestos, a vida que foi florida nos canteiros luminosos da nossa sombra: deixamos esmorecer as folhas que morrem numa cova bela.