Sonho
Da delicadeza perdida
do canto, da poesia,
da tristeza vendida
e do capital animal
pelas ruas dessas cidades
pelas idades de suas sombras
e pelas sombras de suas maldades
pelas ruas, todo sussurro há de lhe amedrontar
com seus passos calmos
e seu sorriso sincero,
esquece ele também do inferno
que a vida lhe insistiu em rogar
e com olhares discretos
desperta perguntas, mistérios
que nem ele mesmo,
entre lágrimas e intempérios,
soube como guardar
espera portanto o dia
em que toda a sua alegria
de mãos dadas há de lhe acompanhar
por um pedaço de chão,
olhando para um céu sem solidão
agradeça-lhe ouvindo o barulho do mar
então com os lábios em seu ouvido,
entre sussurros, murmúrios e beijinhos
juras de amor lhe há de trocar
percebe assim que o dia,
entre outra diversa alegria,
pôs o sol à janela banhar
e como num toque de ironia,
os olhos se abrem em profunda euforia
e o sonho se põe a acabar
acaba-se o sonho e a alegria,
resta só então a nostalgia
e o desejo de não mais acordar.