AO CORAÇÃO
Quando ouço um coração,
Tanto aquele dos sentimentos,
Quanto o outro dos batimentos,
Ouço saúde quando existe harmonia,
No primeiro quando há alegria,
No segundo, o tum-tum de cada dia
Um amando,
O outro malhando,
Os dois vivendo em perfeita sintonia.
Quando ouço um coração,
Cujo rítmo irregular lhe denucia,
Extra-sístoles, taquicardias,
Sopros graves, arritmias...
Sinto naquele peito, dor,
Amargura, tristeza, melancolia...
Daquele que não foi amado,
Por isso vive malhado.
Os dois vivendo em completa agonia.
Quando ouço um coração
De batimento forte,
Musculatura rija, de quem tem um norte
Paredes duras de um corãção de pedra,
Sinto em seu dono,
Quase a rir da morte,
Que sempre vence e nunca medra.
Os sentimentos ausentes, sem amor
Dos prepotentes, dos arrogantes,
Os dois vivendo em profunda dor.
L U C I A N O
JULHO / 2008