A BOEMIA

A boemia amiga das noites de frio

De ruas de escuridão e abandono

A alma do passado dança um bolero

O bêbado orquestra a vida

Um drogado procura a porta do paraíso

Aberta para o inferno

Anjos do avesso

Se alimentam das entranhas secretas

Do gênese da dor

A noite tece a teia das trevas

Bordada com o diamante das estrelas

A boemia abre as pernas de aranha

Sufoca e envenena de percepções

Crava na fronte espinhos de certeza

Lacera o peito

Faz do asfalto leito

De falecidas ilusões

Cumpre-se uma sina

De rica e rara rima