Desprezado
Não existem mais olhares para o meu olhar
Desviam nos momentos mais sublimes
Ou apenas são olhares sem efeito.
Meus olhos seguem o chão
Não acreditam que o ar tenha o olhar
Pois não existe olhar que me olhe.
Sou como as flores murchas
Olhadas com pena
E atiradas ao lixo…
Meu ser está apagado
Vivo apenas de sonhos e fantasias
Sou o sono que não começou
Sou o desprezado, o não recebido
A chama que se apagou…
Sou o mal olhado
O visível que ninguém vê
O instrumento que ninguém ouve
A estação sem sintonia
O versículo sem capítulo
O filme sem roteiro…
Sou a realidade atrofiada pelo tempo
O destino que nunca se cumpriu
O memorando nunca lembrado
O paraninfo sem formatura
O anel sem dedos, o colar sem pescoço…
Não existem mais olhares para o meu olhar
Desviam no momento mais sublime… ou apenas são olhares sem efeito...