Espetáculo fúnebre

O homem pintado com tintas pretas e tintas brancas

Lábios mórbidos e vomitando sangue

Gritava cânticos alucinantes.

Seus olhos paralisados e petrificados: injeção de “Fenergan”

Insinuavam noites de terror e vício.

Profecias fúnebres eram cuspidas pelas cordas vocais

Sua dança convidava os jovens e os idosos à morte

Cobras, lagartos, sapos e morcegos

Sopa quente no caldeirão de ferro.

O homem profeta e dançarino

Exalava o fedor de aguardente de cana

E espancava as cadeiras e as mesas.

Fim do espetáculo...

Na penteadeira do seu camarim

Água buricada e maços de algodão

Muitas bisnagas de corante vermelho

E ao fundo “Noturno” de Chopin.

Doses não homeopáticas de colírio “Moura Brasil”

Caixinha de música com bailarina

Dois cães Yorkshire e um gato siamês

Uma taça de sorvete de chocolate com caramelo

Latas e latas de refrigerante

Caldo de cana

E um belo divã azul.

Início do dia-a-dia...