Serpente
Deparo-me com o faro da língua de uma serpente
Que na realidade não me parece venenosa
Apenas fareja uma presa inconsciente
Ou duvidosa de seu real território.
Tal serpente e tal presa
Ficam por instantes a se observarem
Uma regida pelo instinto de caçadora
Outra acuada e desprotegida.
Cada gesto, um motivo de suspense
Cada palavra, uma razão para observação
Cada gesto ou palavra
Mais e mais mistérios…
Tal serpente não é venenosa
Muda repentinamente o curso da história
De caçadora a caça
Desenrola-se toda e vai embora
Numa fuga alucinante…
E a tal presa Continua a ser presa Mesmo livre, amarga o dissabor do cárcere eterno…