Momento meu...
Viajo na calma da hora
Degustando um por de sol bucólico.
Destilo os ascos dos cascos...
Entorpecida por um crepúsculo ameno
Mergulho nesse anil.
Que encobre o céu plúmbeo
Das minhas tempestades cerebrais.
Por instantes passam as nuvens
Brancas em sua jornada
Atravessando minha tarde cálida
Para perderem-se no espaço.
Ouço a melodia do silêncio
E me entrego ao divagar.
Tão distante perscrutando
Que nem vi num sonho louco
Em seus olhos eu me deter.
Parei nas trincheiras da vida
Por não achar nenhuma saída
Por não encontrar a porta dos fundos.
Fechei os olhos do tempo
Guardei meu coração no arquivo
Das lembranças platônicas
Do meu mundo subjetivo...
Digeri o veneno que me restava
Na saliva seca da ironia.
Minhas lágrimas cristalizadas
Ficaram registradas
Na fumaça que se dissipa
Discípulas de minha dor...
O rancor que esfumou para sempre
Há tempos não estava presente
Na minha existência esquecida.
Por isso me entrego ao momento
Esquecendo a passagem sombria
De eras vazias
Que vão morrendo com o entardecer!