Vozes Soltas

Minha alma é retalhada, coisas que desconheces...
Um fio da lâmina fria da saudade, que desconheço.
Um dia, de repente... Apareço na janela.
Colher frutos, colher flores... Colher vontades, que agradeço.

Vivem coisas que não me vêm na memória... Coisas- vento, de um sonho que virou realidade... Que dizem cores, que dizem versos...
Na procura por um passado... Resta a vida de outrora chama.
No contorno dos lábios de quem ama... Na luz sagrada que o amor clama.

Já fui risos... De princesa... Olhar de um viajante. Cada vida uma estória... Cada pessoa, um diamante.
Fui veloz, feito gato... Fui leve, feito passarinho... Fui fiel, feito maritaca... Fui criança, feito festa... Fui mulher, feito bicho.

Um minuto é o que resta dessa vida em contorno... Minha foto em lápis...
Minha vontade, nas letras... Meu coração, em tuas mãos.
E se restam poucas vidas, nessa tua que não minha...
És encanto que soluça... Que me envolve, na solidão fria.

Vivi contos... Coisas  que acredito. Vozes soltas que guardo comigo.
Escrevo contos... Coisas que só a ti digo.
Vozes que são verbos... Que viram versos... Viram pontos.

Tem gente que vive em partes do meu corpo... Coisas que a metáfora auxilia...
Tenho as saudades que saem pelas pontas dos dedos, energia pura em pensamento... Tenho outras que viraram arrepio, bom ou ruim, já não importa... Outras, carrego em meus braços, feito colo... Ainda, aquelas do coração, que batem forte, quando sorriem... As  do ar, que soltam os alvéolos do meu pulmão... Pra ti resta o que de mais me é sagrado... Guardo-te comigo, no meu eixo, em meu umbigo.

Rompe-se, então, o vulto que virou grito... Nessa vida amo assim... Com dom de dedicação... Com as asas da imaginação... Já fui tribo... Já fui escrava... Já fui brisa... Hoje, sou poetisa!











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