Noites que vão
As noites, uma a uma, ficaram pra trás
Deixando marcas e cicatrizes eternas
Neste meu corpo debilitado pelo desprezo.
Luto contra inimigos bem mais preparados
Levanto as armas que possuo
E, uma a uma, são esmagadas por armas mais poderosas:
Combate das almas.
Limito o meu espaço a mim mesmo
E, às vezes, mesmo contra a minha vontade
Este limite é transposto.
Uma avalanche de possíveis sorrisos
Invadem a minha fortaleza débil
Sorrindo à certeza do inesperado.
Ah! como são bons os momentos de solidão
Esta companheira inseparável
Que me agasalha com seu manto frio
E me faz viver a única luz que possuo:
A lâmpada de sessenta velas
Do meu quarto frio.
Não sei se deveria pactuar com seres que desconheço
Mas que tantos acreditam
Para que me tirem desta desprezível existência.
Claro que me esforço para acreditar nestes seres
Mas o que fazer?
As vozes que ouço não são vozes do além
E sim, vozes da melancolia
Que estão encranhadas em mim.
Vomito as poucas certezas
Que ainda estão presas no meu ventre
As palavras que outrora modificavam a minha caminhada
Agora realimentam a solidão.
As noites, uma a uma, ficaram pra trás...