Isolamento

Uma garoa que refresca as cabeças dos transeuntes

Garoa que molha o chão imundo da metrópole

E exige agasalhos guardados no armário

Deixando o céu com um aspecto tétrico.

Isolo-me de todos os comandos terrestres...

Um banho cercado por baratas curiosas

Banho com água gelada para acordar

Enquanto as baratas não se movem

Observando o meu empenho em permanecer vivo.

Isolo-me de todos os comandos terrestres...

Uma melodia retirada das melancólicas notas musicais de um piano triste

Melodia que cresce e se apresenta

Contesta os babacas de plantão

Entra em pânico com o próprio ouvido

Sai e entra nas cavernas.

Isolo-me de todos os comandos terrestres...

Um sono retirado das fantasmagóricas letras de um opiômano

Sono sem pecados, julgamentos ou fracassos

Apenas violetas e animais dóceis

O leito da morte de um animal morto.

Isolo-me de todos os comandos terrestres...

Garoa, banho, melodia, sono e sonhos…

Camaradas fiéis e consumidores de ópio

Mesmo assim, as lágrimas não vertem

Pois estão petrificadas.

Isolo-me de todos os comandos terrestres...