CANOA A REMO
Convidei Tião Pequeno
Pra ir de canoa a remo
Até a ponta do Araçá.
Pra pescar umas tainhas
Que comiam manjubinhas
E se punham a pular.
Molhei as mãos na maré
Fiz o sinal da fé
E saímos para o mar.
A tarde estava quente
Daquelas que faz a gente
Derreter de transpirar.
Da proa Tião falou:
Vamos virar vapor
Antes de chegar lá.
Respondi de prontidão:
Está com medo Tião?
Ou preguiça de remar?
Chegamos ao pesqueiro
Encharcados por inteiro
Por causa da viração.
Pra tirar a água com a cuia
Feita de pau de imbuia
Me virei como um pião.
O cardume era grande
Como um grupo de elefante.
Até eu me assustei.
Falei pra Tião Pequeno,
Vamos por forçar no remo,
Pra cercar de uma vez.
Cercamos o cardume,
Deixando as manjubas imunes,
Pelas malhas escapar.
As taínhas encheram a canoa,
Da popa até a proa,
Não dava nem pra sentar.
Quando chegamos à praia,
Não tinha palma nem vaia,
Não encontramos ninguém.
Fizemos uma fogueira,
Assamos uma inteira,
Juntos dissemos amém.
Depois que fizemos à festa
Vendemos pra ONO PESCA
Toda taínha pescada
Mas guardamos como prova
Uma taínha, com ova,
Pra fazer uma caldeirada.