Proteção

Eu mostro a mim mesmo as cenas da vida

Faço de papéis picados imagens que não me interessam

Proponho lutar por fatos, que a todos parecem comuns

Não aceito as regras do jogo, e sigo meu caminho.

Sincronizo os primeiros passos

Caminho lentamente, suavemente

Pois ainda desconheço o roteiro.

Suave, porém apreensivo

E é assim que me sinto.

A realidade não parece ser tão cruel

Ao menos neste primeiro contato

E meu corpo reage satisfatoriamente

Caminho lentamente e suavemente

Aprendizado e esperança.

Atinjo os obstáculos iniciais

Que se travestem de anjos celestiais

E meu corpo mostra os primeiros sintomas

Traumas cardíacos, acompanhados de sufoco.

Um monstro com boca e sem sorriso

Apenas dentes agudos, afiados e enormes

Dois olhos descoloridos

Nem preto, nem branco

Face porosa, gordurosa e sem traços

Corpo disforme e com modos sufocantes.

Meu peito busca ar nas memórias

Sabe que o monstro está bem próximo

E então, retorno ao mundo das ilusões

Respiro e transpiro aflições passageiras

Marco a direção do meu retorno

E aos poucos suspiro a minha verdadeira realidade.

No meu mundo os monstros são transparentes

Não ficam presos em caixas-fortes

Esperando por vítimas indefesas

Incorporam-se a um bem passageiro

E fazem parte do contexto da minha vida.

Eu mostro a mim mesmo as cenas da vida...

Proteja-se!