Desalentos na Folha Branca
Desalentos na Folha Branca
Vou contar-te em segredo,
O quanto meu olhos já brilharam hoje,
De desalento, ou loucura,
Mas sem medo.
Abate-se o vazio à minha volta,
E fico perdido, no meio de uma ciência torta,
Que se desfaz do que é belo,
Que me pisa, feito martelo,
E me lança as lágrimas como um rio louco,
O olhar por um canudo de sons e imagens,
De outro mundo, onde floriram belas paisagens,
Que nem em fotos tenho vontade de recordar,
Uma ideia louca que teima em me atormentar!
O caminho era do outro lado,
Não entendi o sinal,
Nem o mapa mal rabiscado,
Não fugi do precipício,
E afoguei-me na tempestade do mar,
Onde navegavam meus sonhos.
Uma ideia que me rasga só de pensar,
E me derruba nos seus tons medonhos;
O som arrepiado das guitarras,
E o balanço ritmado do corpo,
Martiriza a alma numa guerra constante,
Entre o real da história feita na metade,
E o cruel de minha mente mutante,
Que se conta em mentira e me sufoca na verdade.
O passar dos dedos pelo rosto,
Traz o sal que resta, na solidão do fim do dia,
E aqui em tuas linhas, olho a magia da musica,
Que ecoa do meu Neptuno,
E o dançar das palmas da multidão,
Que em uníssono vai festejando a vida;
Um contra censo que quebras as regras,
De quem foge da estrada e decifra novas metas.
Já fui sonhador,
Já me vi em grande barco,
E em mar alto, fui velejador,
Já dominei as ondas que me engoliram,
Já dedilhei as cordas que leram esta pauta,
Já sorri à gargalhada, e fui tocador de flauta,
Já me vi dominador de máquinas,
E decifrador de algoritmos,
Cantor de tudo e nada, e tocador de ritmos;
Passo hoje pelo forçoso acalmar da mente,
Que não gosta da história,
Que não se resigna, e não se sente contente!
Nenúfar 5/7/2008