O sol (o dia)
Surge um pouco da luminescência
no manifestar da suave alvura
e vai-se esvaindo minha dormência
mas quase sobre tortura.
E enquanto a noite discreta recua,
o brilho do sol transpassa a janela,
ele se acomoda onde antes estava a lua
e menoscaba o papel dela.
É um orgulho infame que ele porta
não nos permite olhar, o olho arde,
e parece mesmo é que mal se importa
com a nossa vista sensível e covarde.
E os caminhos do dia se seguem
junto com o alvorecer que ele nos entrega
e todos decerto ao fim se despedem
logo quando seu favor se encerra.
E então à noite por saudade,
pomos um lustre de certa luz,
que percebemos com tamanha piedade
que nem de longe, como o sol reluz!