vitor nunes

                     AINDA AGORA...
                     (líricas de um evangelho insano)

          Nenhuma palavra me é mais 
            palavra que a própria palavra,
            grito do  fóssil,
            na epiderme do meu pensamento,
           no azeite da ânfora deste meu continente,
           nos pés descalços desta aldeia.
           A atmosfera congela 
          minhas gotas de saliva,
          congela meu olhar sangrento,
          congela a poção de argila 
          da minha palavra,
          corta a religação das cordas
         umbilicais da minha placenta
         subterrânea,
          choro voce no líquido
         da minha tristeza,
        * venha sentar-se à minha mesa.
         Mas,ainda agora alguém foi libertado
         do cativeiro,
        ouvi seu grito, seu exorcismo,
        as gaivotas revoam sobre os mares,
        reescrevem-se destinos...
        ainda agora alguém foi libertado!!!


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