Jovens vampiros

O brilho das tuas botas pretas

Os teus cabelos lisos e negros

A capa longa e escura

Tão escura como qualquer noite sem luar

O teu sorriso jovem e maduro

Passou-me um clima de crendice.

Lendas, mitos e fábulas

Povoados enfraquecidos do leste europeu

Contos beneditinos

Caninos pontiagudos e vorazes.

O brilho jovem dos teus cabelos pretos

Tão lisos e longos como tua capa

E teus olhos escuros sorriam para um luar

Que se escondeu nas crendices

No lado oculto da lua.

Saímos, e teus passos marchavam

A um rumo desconhecido e despovoado

Máculas do primeiro homicida

Que da terra fora impedido de viver.

Continuavas a sorrir sem os dentes aparentes

Apenas um olhar de Monalisa

O suficiente para aumentar os tais mistérios.

Passo a passo, enunciavas de onde vinhas

E então, tua capa se fez asas

Tuas botas, enormes pés alongados

E teu sorriso maroto trouxe calafrios.

Já não era uma simples exposição

Era lenda transformada em realidade

Mito em imagem clara

Fábula em história do dia-a-dia.

Tal crendice surgiu então na minha frente

Pediu licença para passar

E num vôo clássico dos cegos

Foi desviando de todos os obstáculos.

Fiquei ali parado

Sem mexer um nervo sequer

Pálido, com todo o sangue coagulado

E sem reação.

Aos poucos, fui retornando a este mundo

Certo estava que não me encontrava aqui

Porém, os indícios foram me esclarecendo.

Tu estavas ao meu lado e tuas botas pretas

Teus longos cabelos lisos e negros

Tua capa longa e escura.

O sorriso, agora, se fazia debochado

Irônico, e como sempre, jovem.

Restou-me apenas um espelho

A nova face pálida

E duas marcas na jugular…