Vento norte

Quero ser meu filho, meu verso,

quero ser meu pai, meu universo

e sou terra-chão de luta e de busca.

E o que me custa,

é crer num novo amor, vibrante,

que chegue nuvem branca, esvoaçante

com respostas às minhas questões.

Sou verso, universo,

chão e terra, mas sou nuvem, sou flor,

sou coração.

Tudo isso e nada sou, por ser

apenas solidão.

Quero ser ave, folha verde, borboleta,

quero ser vento norte,

quero ser toque, cheiro, gosto forte,

ser amado; quero ser amante,

mas sou verso, universo, nuvem-chão,

amor errante.

Quero ser eu, profundo e paz.

Quero ser amor-verdade, que fala, que sente,

que faz...

Quero ser tanto ou nada poder

mas, no fundo, o que me consola e me alegra,

é ser verso, universo,

e ter o desejo de apenas ser.

Elber Suzano
Enviado por Elber Suzano em 04/07/2008
Código do texto: T1065052
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.