Vento norte
Quero ser meu filho, meu verso,
quero ser meu pai, meu universo
e sou terra-chão de luta e de busca.
E o que me custa,
é crer num novo amor, vibrante,
que chegue nuvem branca, esvoaçante
com respostas às minhas questões.
Sou verso, universo,
chão e terra, mas sou nuvem, sou flor,
sou coração.
Tudo isso e nada sou, por ser
apenas solidão.
Quero ser ave, folha verde, borboleta,
quero ser vento norte,
quero ser toque, cheiro, gosto forte,
ser amado; quero ser amante,
mas sou verso, universo, nuvem-chão,
amor errante.
Quero ser eu, profundo e paz.
Quero ser amor-verdade, que fala, que sente,
que faz...
Quero ser tanto ou nada poder
mas, no fundo, o que me consola e me alegra,
é ser verso, universo,
e ter o desejo de apenas ser.