Silêncio

O silêncio sempre permitiu que eu escutasse meu coração.

Ele me fala de amores distantes, futuro, do errado, do certo...

Deixa-me reflexiva ante a expectativa,

De envelhecer sorrindo para meu reflexo

Afinal, não tenho parceria nos pensamentos,

Nos sonhos, nos gestos...

Desencontrei do amor,

E mantenho encontros fugazes com a paixão...

Tantas bocas, beijos, mãos,

Que provaram do meu corpo

Colheram minha emoção

Mas nunca compreenderam minha solidão

E de sobras de sentimento vive

Muito tempo o meu coração.

Estou mesmo sempre só em todos os momentos,

Quando feliz, triste, nas angustias,nos tormentos...

Construir castelos na areia é minha especialidade,

Vê-los desmoronar com as ondas

Tornou-se minha única verdade.

O silêncio, sempre abençoou minhas lágrimas

Que sem presa rolam e resfriam as larvas da desilusão

Que queimaram e continuam a marcam minha pálida face,

No silêncio posso escutar o soluçar de minha alma,

E afasta de mim a tristeza pela falta de palavras...

Acalentando meu peito

Pela fuga da inspiração,

Já não sei mais relatar minha emoção...

Estou secando por dentro,

Envelhecendo por fora,

Terra infértil, foge-me o verso.

E a única coisa que me incomoda,

É não ter construído minha história...

Meus desenhos perderam o traço

A aquarela foge da tela...

Larguei dos braços da arte

E pago com a solidão da minha companhia

Pois cada vez que crio,

Converso com meu interior

Fico contra ou a favor,

Convenço-me das cores das flores,

E incentivo minha mania de procurar nas nuvens formas...

O silêncio me defendia da tristeza,

Pois conseguia ouvir minha voz

E não me sentia tão só

Hoje o silêncio grita ao meu ouvido atento

E me fazendo acompanhar por seu turbilhão sonoro

Já não distingo onde começa eu e termina a solidão

Estou perdida no mesmo silêncio

Que antes era companheiro,

Hoje para mim é estrangeiro

Observadora
Enviado por Observadora em 04/07/2008
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