Alice
Foi Alice quem me disse,
que apesar de tanta canalhice,
eu apenas risse;
pois uma Vidente lhe predisse
bons ventos quando o Mundo se partisse.
Outro Tempo virá
e com ele o fim do "deus-dará".
Findará o viver do gaiato
e será comum qualquer nobre ato.
As Nobres Verdades Sagradas,
então, não mais serão adiadas
e comum será o contágio das risadas.
Será a nascença do "Novo Homem",
como quis o Revolucinário.
Aquele, que vive do Passado nesse Presente ordinário.
Homem novinho em folha.
Folha que balança e cai
como no samba que já vai.
E talvez o que me disse Alice
esteja na noite que o samba segue.
Junto com a sopa no albergue
talvez nos sirvam uma alegria imberbe.
De quem de tudo já ria,
no tempo que Alice nem existia.
Até dessa sombria e curta estadia,
sub-locada em nenhuma moradia.