A Jangada e o Jangadeiro

“Jangadas e jangadeiros” ( Rodrigo Augusto Prado – Nov/2005)

Foi lá nas cercanias do Ceará

Que vi homens saindo pro Mar

E das pedras medi a saudade

De quem ficava na praia a acenar

Sem a certeza da volta sagrada

Que nem sequer se podia afirmar

E os homens sumiam por trás de ondas gigantes

Gigantes homens buscando o sustento

Em barcos minúsculos levados ao vento

Que soprava rumo a um horizonte sem margens

Eram essas as vertigens e viagens

Do sobe e desce do barco...

Jangada do Mar

As velas iam ficando longínquas

E a saudade apertava até em mim

Que os olhava desbravando um mar sem fim

Em busca de peixes, lagostas e sonhos

Que jamais numa rede poderiam

Caberiam

Estariam

... estavam na alma

de quem desafia o mar.

Não sei se voltaram os pescadores jangadeiros

Sei que havia peixes na praia o mês inteiro

E no sabor deles fritos, algo de sonho

Melodia

Aventura

Alegria

Eram peixes servidos com amor

De quem certamente esperou com ardor

As velas pairarem de novo

Naquele horizonte sem margens

De frente pra praia de Mucuripe.

“As velas do Mucuripe vão sair para pescar, vão levar as minhas mágoas, pras águas fundas do mar...”

(...e que bom que em cada fim de tarde elas voltam...)

Só para poderem ir de novo amanhã...

De peito aberto

Rumo ao incerto

Desbravar bravo mar

(Verso incidental extraído de Mucuripe, de Fagner e Belchior)

Rodrigo Augusto Fiedler
Enviado por Rodrigo Augusto Fiedler em 04/07/2008
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