Desreflexo

Ajoelha-te!

Quero que vejas a fonte de meu gozo

Não cerra os olhos, não tenhas medo

Será teu também quando provares

Cala-te!

Não preciso sempre de tua voz

Que me policia e me atormenta

Me enoja e também me cala

Chora!

Lava o cheiro de tua alegria nefasta

Que me corrói e me inveja

Que me dói e me maltrata

Vê!

Sou teu espelho guardado à noite

Sob a candura do linho violado

Por que não me quebras?

Por que não me cegas?

Por que não te lanças naquilo que és?