ENSAIADOS

A saia branca apareceu no chão

Clara, seca, morta e lúcida

Bordada com a alva linha das esquinas certas

Dobrada em débil e febril astúcia

A saia azul já se encontra rasgada

Por tantos encontros e desarranjos com o fogão

Vestiu a pele suada e casta

Venceu os vazios de sua exaustão

A saia amarela guardei no armário

Com o cheiro da lavanda repleta de acalento

Lugar dos colos perfumados e mordidos

Sábia foz dos enganadores tormentos

A saia verde escondeu-se e não acho

Fugiu com a fumaça de sua presença irreal

Busquei-a nos bosques metafísicos do meu sonho

Terminei desnudo em tragédia social

A saia em trapos, sem renda nem beira,

Louvou a clemência da paz que eu peço

E no pátio da rua, esquecida no mastro,

Clamava mais alto: ordem e progresso