Um desabafo
Em outros termos, traduzo solidões.
Poeta nas horas vagas, aprendiz de sofrimento.
Homem de mesmas palavras, dores e lamento,
gramática precária e limitada.
Falta-me algum ensinamento.
Esvazio os porões da dúvida,
transcrevendo cada pensamento.
Do tempo faço um aliado,
sem nenhum ressentimento.
Há tempos ando amuado,
descrente da vida e do amor.
Há tempos pelos cantos, jogado,
curtindo esse dissabor.
Num instante qualquer de rebeldia,
condenarei num escrito a revelia
que agora me traz esse sofrer.
E aquela por quem tanto espero,
não será mais aquela a quem quero.
Preciso voltar a viver.