FANTASIA (2)
Não vou mais rimar.
E, muito menos,
metrificar.
Vou negar as regras,
romper com a melodia,
adotar arritmia.
Vou renunciar.
Denunciar o abismo
entre a emoção
e a razão. O vazio...
que vãs palavras
aprisionadas, moldadas,
disfarçam.
Vou rasgar o poema
até sangrar o sentimento
puro,
sem amarras ou garras,
duro.
Vou entortar o verso certo,
malear a poesia,
fazer a vida sair
de perto da fantasia.
Lina Meirelles
Rio, 02.07.08