PASSOS

Cair: vontade que me dá sempre...

Tão logo eu possa me prostrar,

o farei tão decididamente que não levantarei.

Sobre minha cabeça o pé firme

de quem apeia dos cavalos;

a sede inexplicável de quem não opera os canhões;

a liberdade em farsa que guardam as bombas, os grilhões.

Cair: os impérios também já caíram,

mas, nisto, não eram gloriosos mais...

Em represália à sua ação

invado a casa de quem é teu amigo,

ateio fogo no quintal dele e depois caio-o com sal.

Em pouco tempo incendiarei sua casa

e farei do seu abrigo a sua pior cruz.

Cair: é somente agir para ser temido

e falar para ser atacado, ser humano, ser incompreendido

Quando se versa sobre o que não se pode dizer

se é herói, e não poeta; não se é escritor, se é profeta.

Quando se usa uma palavra deslocada somente para rimar

Faz-se o que fiz no verso retrasado?

Cair: é se deixar controlar pelo plano

É deixar seus vasos se arrumarem segundo quer

o seu corpo deitado sem a beleza do sono;

seu corpo cansado, pisado, é tristeza, é abandono.

É rimar os bichos que vivem do que se dispensa

com as feridas em seus joelhos que você não sente.