O que somos?
Somos construção perigosa,
moldada de fissuras e falhas,
provinda de mãos grandiosas
que deu-nos a obra para findá-la.
Somos atitudes ociosas,
tudo nos é demasiado difícil
e para obtermos de qualquer forma
então usamos de variados artifícios.
Somos até afáveis certa hora,
amigos, cúmplices, alentos,
já em outros momentos
somos grosseria na aurora, puro tormento!
Somos obra inacabável,
em reboco todos os dias,
que tanto insiste, por ousadia,
nos preencher as fendas das feridas.
Somos jogos de luzes instalados
que põe-nos as qualidades sobre holofotes
e as características mais fortes
enquanto aos erros, reservamos-lhes a parte sombria.
Somos pintura interminável,
que mascara de forma pitoresca
a imperfeição de nossos atos,
moldando-nos uma paisagem perfeita.
Somos objeto inclinado
de traços jamais perfeitos
a qual tentamos equilibrá-lo
com inúmeros trejeitos e feitos.
*Contribuída para a obra a visão de um engenheiro.
(rs)