O FAROL

O FAROL

O farol lá no alto

Com sua luz possante

Irriquieta, na noite

Ilumina os amantes

Com seus corpos desnudos

Deitados na pedra da praia

Num embalar das estrelas

Só querem saber de amar

O farol com sua luz

Irriquieta e possante

Ilumina os navegantes

Com seus barcos errantes

Que singram pelo mar

Em busca de esperanças

De fazer um novo dia

Com sol e ondas serenas

No mar viver bons momentos

De entretenimento

Pra esquecer da vida

Que pouco lhe tem dado

A não ser um barco errante

Velho e mal cuidado

O farol com sua luz

Ilumina lá do alto

O povo que vive no morro

Distante do asfalto

Distante das mordomias

Que só tem aqueles

Que vivem no dia-a-dia

Nas mansões e casarões

Fincadas à beira da praia

Que tem sua riqueza pautada

Em coisas pouco confessáveis

Mas aceitas em sociedade

E lá no mar o barquinho

Do pescador solitário

Que já não ganha salário

Há quase um ano e meio

Mas que com seu barco espera

Que Deus ouça sua oração

E encha sua rede de peixes

Pra alimentar sua prole

Quer fica em casa rezando

Com o estômago esperando

A hora do pescador chegar

E muito peixe trazer

Pra saciar a fome

Do mais velho e do bebê

Mas o farol ainda

Com sua luz permeia

Iluminando a sereia

Que sai das profundezas

Pra mostrar tua beleza

E encantar com o teu canto

O pescador incauto

Que se encanta, se envolve

Na falsa e melodiosa

Voz da sereia maldosa

Que na realidade só quer

O pescador levar

Lá pro fundo do mar

Pois no fundo é mulher

Que deseja ardentemente

Um corpo que a esquente

Das águas frias em que vive

Enchendo sua vida

De amor e felicidade

Que leva o pescador

Também em busca de amor

A cair no canto da sereia

Vitória/ES - Em 19/03/08 -