Bendita caneta

Bendita caneta que, em noites escuras

escreves poemas de amor e de dor;

bendita caneta, pudesses supor

o bem que me fazes com tuas figuras,

então saberias por que me procuras,

enquanto eu procuro o murmúrio do mar...

Bendita caneta, talvez o cantar

das belas canções tu pudesses ouvir,

enquanto desenhas outrora e porvir

nas belas cantigas na beira do mar.

Bendita caneta, eu às vezes esqueço

que já me fizeste os mais belos poemas

e eu te abandonei. Ó, caneta, não temas

esse esquecimento, pois és o começo

de tudo que eu fiz e, se agora não teço

tão belos poemas, se agora o cantar

é distante de mim e o meu sussurrar

em frente à telinha é o que busco fazer,

caneta, contigo inda vou escrever

sonetos e trovas na beira do mar.