Canoa silente!

Uma canoa desliza

na fina manta de água,

indeleve,

como quem não se atreve

a perturbá-la sequer...

Onde irá assim tão quieta

num navegar sorrateiro?

Tem um complô com o canoeiro

ou carrega um aventureiro?

...e assim navega a canoa ...sumindo,

desfazendo-se na neblina

indo na direção da curva do rio...

Sempre no fim do dia,

sempre na mesma hora,

essa canoa efêmera

passa...e vai embora...

Vai-se a canoa silente,

num fim de tarde já frio,

leva um segredo embarcado

para alguém...

que tem no olhar de espera,

a esperança...

que chegará pelo rio!