A Morte do Amor-perfeito
O amor-perfeito,
feito de belas cores
e cores tão vivas,
morreu.
Morreu por ter secado,
tão regado em lágrimas
que foi.
Morreu afogado
pela ausência de carinhos,
sufocado pelos daninhos
espinhos do desprezo,
esquecido ele foi.
Sua raízes, tão rasas,
tão fracas,
nada mais podiam afirmar.
Negado lhe foi o solo fértil,
na indiferença dura
de pedras frias.
Negada lhe foi a chuva
pela ausência pura
de nuvens no céu.
Cinzento véu,
etérea mortalha do abandono.
Negado lhe foi o sol
que, por alguma razão,
guardou sua luz
no horizonte escondido.
Negado lhe foi o calor,
vital a uma paixão,
que sem este se reduz
a ser fonte de castigo.
Morto e apodrecido,
no orvalho de seu choro esquecido,
quem sabe esse amor
perfeito adubo pareça
a nova semente,
a um novo despertar.