NO INFINITO DE AGORA
Eis que meus passos são leves,
Não deixam marcas no chão.
Alguns me vêem quando vão,
Outros me olham da estrada.
Eu sigo olhando o caminho.
Sei que meu ontem não houve,
Meu amanhã já não veio.
Teu corpo nu (mão no seio...)
É meu agora e já foi...
Sou o momento do beijo.
Sou como o vento que passa
E traz consigo das flores
A saudade dos amores
No perfume que acalenta...
Beijo-te a face e te esqueço.
Também sou como a palavra
- leve - comungo com o vento.
Vivo no teu pensamento
Embora ausente na voz,
Pois minha morte é meu parto.
Então, serei para ti
Doce leveza de outrora,
Não mais o beijo de agora.
Em teu ser terei morada!
Sei que não mais morrerei.
E tu serás para mim
A essência de meu dia,
Feita de ausência e alegria,
E comporás o meu ser.
No caminho irei sorrir...
E se lembranças do ninho
Vierem me atormentar,
Vou o infinito agarrar,
Deixar meu corpo na estrada...
Rumo ao nada... em pleno vôo.
HENRIQUE, Jorge. Mutante in Sanidade. Cadernos Cultart
de Cultura. Aracaju: UFS ? PROEX - CULTART, novembro de 2001. p. 31.
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