Poeta do Mar

"Poeta do Mar" (Homenagem a Fernando Pessoa)

Ondas me levam

Me trazem

Balançam meu barco

Mas não me enjoam

eu amo o Mar

amo amar

navegar sem precisão

viver com precisão

de precisar

viver

cavalos marinhos sem rédeas vieram buscar-me

prum passeio além da linha do equador

aquém do Trópico de Capricórnio

pelas águas suaves do Atlântico

e por lá vi galeões naufragados cheios de ouro

anêmonas coloridas perdidas em corais cinzas

o mar me deu vida

e a areia me mostrou que sou apenas um grão.

Sou ínfimo perante os mundos e os oceanos

um grão para as praias como uma estrela para os céus,

mas com alma

de navegante

um mero discípulo (perdoem-me a arrogância)

de Caeiro, Reis e Campos

Órfão de Pessoa

e amante de Camões

Salve o Mar e os oceanos

Salvem as terras do além Mar

e os sonhos do além mar

pois atrás da linha do horizonte há mais que "áfricas utópicas"

há sonhos reais

paupáveis.

Castelos de areia que não desmoronam com as ondas

nem com os ventos

dunas estáticas de sonhos marítimos

de sonhos horizontais.

( Rodrigo Augusto Prado para Fernando Pessoa em 10/10/2005)