CRIANÇA ABANDONADA

(Do livro “Santo de Casa”, escrito em 1980)

Neste mundão sem porteira

Onde quem está de butuca

É quem saca toda transa,

Chega-se a uma conclusão:

Ninguem quer nada com nada,

E num salve-se quem puder

Poucas pessoas escapam

E muitos acabam entrando

Na tubulação.

Se danam pobres adultos

Que de tudo sabe e ver

E crianças abandonadas

Que á nascem na miséria

E olha tudo e a todos

Sem nada compreender.

E entre esses inocentes

Que não entendem o que fazem

Nem que vieram fazer

Neste vasto mundo cão

Vítimas de pais ignorantes

Acabam se transformando

Um perigoso, um ladrão.

Abandonados ao mundo

Essas criaturas se revoltam

Contras tudo e contra todos

E ainda são condenados

Por muitos sendo malhados

E ainda, como animais

Por outros escorraçados

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 29/06/2008
Reeditado em 15/07/2008
Código do texto: T1056268
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