DEUS, O INEFÁVEL QUE INSPIRA
O poeta é um ser que ama e sonha
Que paquera o inefável e o conquista
Casam-se ambos e juram fidelidade
Interagem e chegam ao êxtase
No berço eterno do infindável, contraídas as núpcias,
Concebe o poeta e a gestação atribui honra
Cada colorido no céu tem como um salto no ventre
E ao assopro da brisa assemelha o choro dum recém-nascido
Cada minuto é uma hora e cada hora, uma eternidade
Que se finda na concepção duma poesia
No âmago da alma é nutrido o germe
Ao fim de tempos, se prepara o poeta para as dores
O parto começa com a primeira letra
E termina com a assinatura
Cada palavra rejeitada, grita de dores o poeta
E uma gota de suor mancha o papel
O recém-nascido o encanta, e ele se esquece das dores
Todo o poeta ama os seus filhos, mas nunca se satisfaz com eles
Mal os dá à luz, à câmara retorna, na busca do inefável
Ser poeta e ter um “coração de mãe”:
“Sempre aberto a uma nova poesia”