ALMA DE CÂNTARO
ALMA DE CÃNTARO
Encontro-me em desalinho com a essência.
Grávida de lágrimas frias que me ardem à alma
Transformo um vulgar pranto numa lava moribunda
Que nas cinzas guarda à morte.
O luto dobrado sangra e mancha a tela parda que me ornava o dia
Numa grave ofensa a harmonia que administro
Convertendo-a em paz podre.
O ermo engana aos olhos.
Há um oásis de dor nesse deserto de sentimentos
“Sou pó e ao pó retornarei?”
Sofro.
E uma particular infelicidade com repugnância ao sossego
Mostra-me um pranto em auto-relevo e em cores vivas.
Grito à coragem: “Não me abandones!”
Imploro à dor: “Desapareça!”
Oro ao pai: “Afaste-a!”.
Temporadas no purgatório
ressuscitam-me apenas como um ser da vida.