MEDO VIVO
Eu vivo como um peixinho
Num mar aberto de mistérios
Sou frágil e tenho medo
Não me chame para perto de ti,
Pois, talvez, eu queira ficar aqui.
Teu olhar cheira a sangue,
E de sangue sou totalmente feita.
Vivo a temer a morte,
E a temer os desafios da vida.
O mundo é mistério,
Todos são misteriosos.
Eu fico presa em mim
Como ave sem asas.
Tudo me assusta,
Tudo me petrifica.
Eu vivo como um ratinho assustado,
Acusado por roubar queijo que não provei.
Meus olhos grandes contêm, sim,
Toda a covardia que nasceu comigo.
O tempo segue, e eu o seguro firme.
Um dia, quem sabe, eu possa cair
E, enfim, eu possa esquecer tudo.