Dial(ê)to

Às vezes me penso o dono de mim mesmo

cheio de poderes, vaidades, subterfúgios

— sem pena, piedade ou escrúpulo —

capaz de decidir os destinos do mundo

meu mundo pessoal, autoral, íntimo

— Aquele por que vivo, trabalho, luto e morro.

Cai-me porém logo a realidade!

Somos apenas da Criação uma distração

a germinar, crescer, multiplicar-se

como feijões postos — ludicamente —

numa cabaça úmida:

— Há de se furar o algodão...