Entrelinhas

Como folha que se perde no vento,
buscando um caminho, no outono;
como a nuvem que passa ligeira,
e deixa uma lágrima de abandono...

Como a chuva que cai fininha
varrendo silente, o pó da estrada,
a madrugada que vem quietinha
e orvalha as flores assim, calada.

É assim, de coisas que nem se vê
que a própria vida se faz completa,
e das entrelinhas, que ninguém lê
nascem o verso, o poema e o poeta.