ESPELHO

Quebro o espelho

Me desfaço em cacos

Cada estilhaço

Cada fração

Cada facção do vidro

Carrega uma ou algumas de minhas possibilidades.

Sou um turbilhão de imagens entrecortadas

Impossível reconstrução

Minha alma defletiu sua adesividade ao corpo

A matéria é representação imagética depassada.

Espalhada ao chão

Desacortina a tragédia.

A tragédia anuncia a novidade

Um outro corpo toma forma.

Outra forma toma a alma.

Um plasma retorcido, um rolo bruxuleante de fumaça

E exala a vida.

E a vida se desfaz na atmosfera

Mesclando sua essência ao nada

Engolindo o tudo das coisas

Mistura etérea do universo.

Alexandre Acampora
Enviado por Alexandre Acampora em 27/06/2008
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