ESPELHO
Quebro o espelho
Me desfaço em cacos
Cada estilhaço
Cada fração
Cada facção do vidro
Carrega uma ou algumas de minhas possibilidades.
Sou um turbilhão de imagens entrecortadas
Impossível reconstrução
Minha alma defletiu sua adesividade ao corpo
A matéria é representação imagética depassada.
Espalhada ao chão
Desacortina a tragédia.
A tragédia anuncia a novidade
Um outro corpo toma forma.
Outra forma toma a alma.
Um plasma retorcido, um rolo bruxuleante de fumaça
E exala a vida.
E a vida se desfaz na atmosfera
Mesclando sua essência ao nada
Engolindo o tudo das coisas
Mistura etérea do universo.