O Vulto do Espelho
O Vulto do Espelho
Soubesse eu dominar a minha alma,
E o meu olhar, não fosse um mar,
Que me naufraga e me acalma;
Soubesse eu decifrar o mapa da minha mão,
E as linhas não enganassem a vontade do coração;
Soubesse eu cantar,
O verso triste, ora musica de embalar,
Ou o cantar ao desafio, só para disfarçar;
Sinto um ser diferente que se reflecte no espelho,
Que contraria a imagem,
E só se reconhece no vulto da outra margem.
Se eu fosse um guerreiro ao amanhecer,
Um camaleão que vai mudando no dia,
Para não enlouquecer,
Ou só o desenho de uma tela,
Onde o brilho não desfalece,
E o corpo não se sente em guerra,
Nem a vida desaparece,
Por entre a pintura da alma,
Onde o mundo não é só terra,
Nem meu ser é o que se apresenta,
Nem tudo é sol, só porque esquenta!
Nenúfar 26/6/2008