Pássaros
Pássaros soerguem meu corpo da lama.
São pássaros marinhos.
Elevam pelos braços meu corpo com suas garras
Sem esforço.
Em vôo soncrônico.
Carregam meus restos
Meus pedaços num todo esfarrapado.
Sou apenas sombra do meu ser
Sílfide da existência.
Já não tenho desejos
Já não desenho sorrisos
Já não amo a nada
Já nada significo.
Agora sobrevoamos o mar infinito
Sou pousado num ninho no cocoruto de uma montanha.
Lá estou.
Só.
Minhalma mia um canto agudo e lamentoso
Intermitente.
Estou vencido pelo significado da vida.
Amei por toda minha trajetória.
Amei sem exigências
Amei sem censura
Amei sem medo.
Minhalma canta uma ladainha fina
Dolorosa
Irreparável.
Aonde anda deus afinal?