Pássaros

Pássaros soerguem meu corpo da lama.

São pássaros marinhos.

Elevam pelos braços meu corpo com suas garras

Sem esforço.

Em vôo soncrônico.

Carregam meus restos

Meus pedaços num todo esfarrapado.

Sou apenas sombra do meu ser

Sílfide da existência.

Já não tenho desejos

Já não desenho sorrisos

Já não amo a nada

Já nada significo.

Agora sobrevoamos o mar infinito

Sou pousado num ninho no cocoruto de uma montanha.

Lá estou.

Só.

Minhalma mia um canto agudo e lamentoso

Intermitente.

Estou vencido pelo significado da vida.

Amei por toda minha trajetória.

Amei sem exigências

Amei sem censura

Amei sem medo.

Minhalma canta uma ladainha fina

Dolorosa

Irreparável.

Aonde anda deus afinal?

Alexandre Acampora
Enviado por Alexandre Acampora em 26/06/2008
Código do texto: T1052774