CIRCO
Quando o espetáculo
Acaba,
E a ribalta já não ostenta
Seu brilho,
Quando as cortinas
Descem,
E todos se vão;
O palhaço recolhe-se
Ao seu mais intimo refúgio
E denuncia sua tristeza
Através de lágrimas
Coloridas,
Pela maquiagem e frustrações.
O picadeiro torna-se
Apenas
Mais um espaço
Inanimado,
Dentre tantos espalhados
Sob a lona,
Que recebe a suave e tétrica
Brisa noturna.
As luzes morrem,
E desde as Pulgas Amestradas
Até a Mulher Barbada
Todos vão, aos poucos,
Recolhendo-se.
Mas o palhaço continua lá,
Imóvel, inerte, infeliz.
Em busca de uma única
Alma,
Que possa fazê-lo sorrir.
Ironia atroz o destino lhe reservou:
Aquele que leva alegria aos corações
Não tem ninguém a quem possa
Confessar sua tristeza.
E assim vive o circo:
Levando alegria,
Destilando emoções,
Sorvendo tristezas...
O show deve continuar!